por Benjamin Moser
tradução José Geraldo Couto
Companhia das Letras - 2019
Termino de ler "Sontag - Vida e obra", de Benjamin Moser. Há tempos me interesso por Susan Sontag, essa mulher-personagem que habitou nosso tempo, que questionou nosso tempo, através de obras como "Sobre fotografia", "Contra a interpretação" e "Diante da dor dos outros". Moser tem a habilidade de escrever biografias (a exemplo de "Clarice,") de uma maneira fluida e agradável de ler. Mescla vida e obra com habilidade, e vai-se percorrendo seu escrito com a facilidade com que se lê um bom romance.
Admito que tomei o texto, no entanto, com algumas ressalvas desde a leitura de "Clarice,". Em relação a esta última, houve comentários sobre o quanto ele havia criado alguns fatos com o objetivo de romancear o texto. Isso sem falar num comentário racista a propósito do encontro de Carolina Maria de Jesus e Clarice, odioso e lamentável. Em função disso, demorei a encarar "Sontag". Encontrei nela um biógrafo mais participativo do que em "Clarice,", talvez excessivamente presente em opiniões e até ranços em relação à biografada, bem como em relação a algumas posições por ela sustentadas. A presença atrapalha um pouco o texto, na minha modesta opinião. Ainda assim, é um grande livro, uma história importante. Vale a leitura.
"Depois da morte de Sontag, quando emergiram novos fenômenos que exigiam interpretação, as pessoas passaram a se perguntar com frequência o que ela teria feito com eles, e diziam sentir sua falta. Não porque as respostas dela tivessem sido sempre certas. Mas porque, por quase cinquenta anos, mais do que qualquer outro pensador público de destaque, ela estabelecera os termos do debate cultural de um modo que nenhum outro intelectual tinha feito até então, ou que viria a fazer depois. Podia-se discutir com ela; quer as pessoas concordassem ou discordassem de suas conclusões -, ela sintetizara sua época e ao mesmo tempo se opusera a ela."
fevereiro de 2023
Commentaires